O que é esse tal de TDAH afinal?
Eu imagino que você já tenha ouvido falar em Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade – TDAH. Se nunca ouviu, sugiro que leia até o final porque você ainda vai ouvir!
TDAH se parece cada vez mais com mais uma doença modinha, que ninguém tinha no século passado e hoje todo mundo tem! Mas não é bem essa a realidade. E eu resolvi te ajudar a entender um pouco do que se trata. Afinal, se você não tem TDAH tenho certeza que conhece alguém que tenha e estar informado sobre o assunto pode literalmente salvar sua pele. Vai por mim!
A versão resumida é que basicamente o TDAH é um transtorno neurobiológico que desregula a função de concentração do cérebro.
A versão estendida e mais legal é a seguinte:
Uma pessoa com TDAH possui uma defasagem na produção de dopamina e noradrenalina (essas substâncias são responsáveis por ativar o sistema de recompensa do cérebro, sensações de prazer e estímulo). Isso quer dizer que uma pessoa com um cérebro neuro-típico (o que vocês gostam de chamar de normal) é perfeitamente capaz de identificar tarefas, obrigações triviais ou até mesmo complexas do dia-a-dia, realiza-las conforme necessário sabendo que ao cumpri-las, alcançarão determinado resultado. Por exemplo, se você chega em casa cansado, senta por 5 minutos e pensa “vou fazer o jantar agora porque depois fico livre dessa tarefa e vou direto pro sofá assistir minha série”. Se um TDAH chega em casa cansado, ele não consegue processar essa tarefa da mesma forma. Ele provavelmente não vai nem pensar. Ele vai chegar em casa, esquecer que não tem comida pronta, sentar no sofá, assistir uns 3 episódios, sentir fome, perceber que não tem comida pronta, sacar o cartão de crédito, pedir pizza e voltar pra TV. Horas se passaram, a primeira temporada se foi. É 2h da manhã e ele não fez absolutamente nada que precisasse. Porque o seu cérebro TDAH tem dificuldade de planejar organizada e previamente, assim como tem dificuldade de mensurar tempo e prioridades. Assistir uma temporada inteira da série antes de fazer qualquer outra coisa claramente mais importante ativa o que chamamos de hiperfoco.
Antes de falar de hiperfoco, quero ter certeza que você entendeu como o sistema de recompensa funciona no nosso cérebro: pulamos a parte da obrigação e vamos direto pra o que queremos fazer quase que involuntariamente.
Já o Hiperfoco é a capacidade de concentrar-se em algo tão profundamente que você literalmente desliga de todo o resto a sua volta. Uma atividade prazerosa e extremamente interessante pode causar esse excesso numa pessoa com TDAH porque ajuda a produzir o pouco de dopamina e noradrenalina que um cérebro necessita – e que no TDAH geralmente está em baixa.
Eu AMO séries de ficção cientifica. Se eu começo a assistir uma, eu sou capaz de deixar de sair com os amigos, de passar tempo com meus pais ou minha irmã, de deixar coisas que precisão ser resolvidas pra uma outra hora. E isso é péssimo. É como um vício. Não na TV, mas na sensação estimulante que eu quase nunca experimento na vida, mas que surge quando faço algo que realmente me interessa e gosto.
Hiperfoco não surge só para fins de entretenimento. Nem tudo está perdido! Como boa TDAH eu sou extremamente curiosa a respeito de TUDO ao meu redor. Por causa disso, eu consegui escrever meu TCC do curso de Pedagogia em uma semana e ser uma das poucas alunas que tirou 9,5. Não tinha ideia de qual seria o meu tema. Sabia que não conseguiria escrever bem sobre algo que eu não gostasse. No fim escolhi “TDAH em adultos na universidade”. O texto fluiu como um rio. Então nesse caso, não é ruim ser TDAH (a parte ruim foram as noites sem dormir, a ansiedade pra terminar, etc. Mas aí é uma outra história…).
Em suma, uma pessoa com TDAH tem um cérebro sedento de estímulos que não consegue produzir os hormônios responsáveis por aqueles de forma natural. E isso gera uma série de consequências comportamentais que são amplamente incluídas nos sintomas desatenção, hiperatividade e impulsividade.
E se você quer saber mais, quero te ver no Instagram @tdahdarafa para mergulhar no nosso mundo fora da caixa (na verdade, nós geralmente nem sabemos onde está a "caixa"!) É sobre isso… E tá tudo bem!
RAFAELLE SENA
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